Vamos andar descalços?

Diversos estudos já comprovaram que pessoas que cresceram em contato com terra, lama, poeira e afins são menos suscetíveis a doenças como asma e alergias, entre outras. Além disso, uma das bactérias presentes no solo, a Mycobacterium vaccae, têm um efeito anti-inflamatório no cérebro, o que pode reduzir o stress.

No entanto, pesquisas recentes têm descoberto todo um novo universo de micróbios que vivem sob nossos pés e podem fazer muito bem pro microbioma humano — ou seja, os micro-organismos (bactérias, fungos, vírus, etc.) que vivem naturalmente dentro do nosso corpo, e que afetam diretamente nossa saúde física e mental em vários aspectos.

Algumas das pessoas que defendem o maior contato dos pés com o chão são adeptas do “grounding”, também chamado de “earthing” — ou, em português, “aterramento corporal”. A teoria, que tem origem em ideias do início do século 20, ganhou força nas últimas décadas, principalmente após o livro Earthing: The Most Important Health Discovery Ever?, de 2010, escrito pelos autores Clinton Ober, Martin Zucker e pelo cardiologista Stephen Sinatra.

Segundo explica Sinatra no documentário Earthing, ao colocar o pé descalço no chão, você estaria em contato com a Terra, cujos elétrons são absorvidos pelo corpo. “É como tomar um punhado de antioxidantes através dos pés”, diz o médico. De acordo com os autores, o ser humano viveu milhões de anos aterrado até que, com a invenção da borracha sintética nos anos 1960, a sola dos calçados passou a nos isolar eletricamente da Terra. Dessa forma, acumulamos radiação eletromagnética dos dispositivos modernos, o que faz com que o corpo fique eletricamente carregado e propenso à inflamação.

Alguns estudos recentes apontam que o aterramento pode melhorar o sono; diminuir a dor crônica; regular a pressão sanguínea; aliviar dores de cabeça e tensão muscular; reduzir a inflamação; ajudar a superar o jetlag e suavizar sintomas relacionados à menstruação e alterações hormonais da menopausa. No entanto, parte da comunidade científica argumenta que esses estudos ainda são poucos e bastante questionáveis — seja pela metodologia, seja pelo conflito de interesses.

Embora não seja possível garantir que passar um tempo descalço resultará em absorção de elétrons ou ganhos pra saúde, uma coisa é certa: essa atitude não traz prejuízos. Fazer uma pequena trilha descalço ou caminhar na praia sentindo a areia entre os dedos são excelentes maneiras de aproveitar a vida ao ar livre, que oferece uma série de outros benefícios.

Uma pesquisa finlandesa com crianças de creches urbanas equipadas com tanques de “solo de floresta” confirmou que elas tinham um sistema imunológico e um microbioma mais saudáveis do que as que brincavam em pátio de cimento. Não à toa, escolinhas que permitem que os pequenos literalmente chafurdem na lama são cada vez mais comuns na Europa.

Em tempo: Ao contrário do que dizem as avós, andar descalço no frio não causa resfriado. A doença é originada por um vírus, transmitido de pessoa para pessoa por meio de gotículas contaminadas que são eliminadas pelo espirro, pela tosse ou até ao falar. Ou seja, sem vírus não há resfriado.

Fontes:

www.thesummerhunter.com
https://www.uol.com.br/

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