WILLIAN BOAVENTURA: AFINAL, A VIDA É FEITA DE SONHOS

Muita gente ligada ao esporte conhece Willian Boaventura, mesmo que de nome. Na CHIQUE! deste fim de ano, o e-jogador de futebol que fez carreira brilhante pelo Velho Continente, concedeu-me entrevista contando um pouquinho de sua vida e fazendo planos bacanas para o futuro, sempre voltado para essas Minas Gerais de montanhas e céu claro. Eu transcrevo aqui pra vocês que estão longe e, por isso, não tiveram acesso à revista. Nas fotos, alguns momentos de Willian como jogador e na Pousada Boaventura, que já ganha ampliação para atender à demanda.

“AFINAL, A VIDA É FEITA DE SONHOS”

Fotos: Projeto Backstage

Willian Boaventura nasceu há 36 anos sob o peso de um nome construído a partir de uma palavra: determinação. A boa aventurança fez dele, menino feliz criado no bairro Bela Vista, comunidade carente fincada nos morros que cercam a cidade de Timóteo, um vencedor. Talvez exatamente porque sua mãe, Dona Ana, nunca se cansou de educá-lo com o firme propósito de ensiná-lo a enxergar o lado bom da vida através da honestidade.
Foi no esporte que o menino canhoto buscou refúgio para fugir do mau caminho e oferecer à família uma melhor qualidade de vida. E literalmente correndo (em campo) desse destino ele encontrou o sentido e a direção do bem. Nunca pensou em ser jogador de futebol, nem rico, nem fazendeiro. Nunca pensou em nada. Seu foco sempre foi sair do ambiente hostil que comprometia sua vida e da sua família. Os amigos – de verdade – ainda estão lá na comunidade, e Willian faz visitas e é visitado por eles. E diz, categoricamente: “Se tiver que voltar para a comunidade, será com orgulho e prazer, porque parte de minha história ainda está lá e no meu coração”. Hoje as pessoas do Bela Vista o veem como herói, um espelho e modelo a seguir.
Bem fizeram o poder público e as grandes empresas em distribuir campos de futebol pelos bairros. Jogada de mestre! Pois os primeiros bate-bolas de Willian aconteceram no time do Barcelona, o do seu bairro, bem explicado. O primeiro treinador foi o Gilbério, do Industrial; depois migrou para o Florestino, onde foi descoberto pelos olheiros e levado para o Cruzeiro do então treinador Ney Franco, onde ficou de 1995 a 2000. Nesee ano, passou pela Cabofriense, no Rio de Janeiro, onde um grupo de empresários gregos o viram jogar pelo campeonato carioca e compraram o passe, levando-o para a Grécia. A fase de adaptação não foi fácil, mas Willian não desanimou: aprendeu o inglês e logo estava falando o grego também. Depois de um tempo, nova mudança por um time da Ucrânia e nesse país não havia ninguém de seu convívio que falava o inglês nem o grego, e ele então teve que aprender… o russo! Com o Apoel, de Chipre, chegou às quartas de final na Liga dos Campeões, tendo sido derrotado pelo Real Madrid no Estádio Santiago Barnabéu. Até então, nenhum time de menor expressão havia chegado tão longe na competição.
Ao todo foram 12 anos na Europa, onde teve oportunidade de disputar também a Copa da UEFA.
Quando voltou, já tinha feito alguns investimentos e dado um apartamento para a mãe, em Timóteo. Quis viver tudo o que não havia vivido nas espartanas temporadas de futebol, quando estava sempre às ordens do treinador e comissão técnica: treino, concentração, jogo, descanso, volta aos treinos, concentração, jogo, tudo isso em uma semana.
Por outro lado, a vida como jogador de futebol deu a Willian uma certa condição de celebridade. Já havia viajado e conhecido os principais pontos turísticos do mundo; foi uma fase de festas e badalação e uma total facilidade em adquirir o luxo de carros caros, relógios de marca… “Quando chega a maturidade, vem a consciência nos mostrando que a vida não está baseada nestas coisas. É o simples que é mais gostoso, que traz o verdadeiro sentido”, filosofa.
O que ele queria era voltar-se para um tempo de sossego e paz, em contato com a Natureza. Antes, Willian nunca havia imaginado querer uma vida assim, mas hoje acha muito prazeroso. “Vejo a vida de uma outra forma. O sentido da vida está nas coisas simples”, conta. E essa simplicidade se traduziu no Sítio Boaventura, uma propriedade que fica cerca de cinco quilômetros antes da cidade de Dionísio, pela estrada do Parque Estadual do Rio Doce. E começou assim: após comprar o terreno, Willian trouxe o irmão para morar no local e tocar as reformas que ele desejava. Anotou num caderno tudo o que queria, e foi embora. De longe, ia trabalhando e enviando o dinheiro para pagar as obras. E tudo saiu perfeito, com a ajuda de um artista local, o Fifico, que assinou toda a marcenaria do espaço.
Separado e pai de quatro meninos (um de 17 e os gêmeos de 10, de um relacionamento anterior, e um bebê de seis meses, com a namorada, que mora em Dionísio), Willian viu o que era para ser um rancho de sossego onde recebia os amigos se transformar em um negócio. E a fazer sucesso como bar e restaurante – somente nos sábados e domingos: “Nos outros dias da semana quero ficar aqui, cuidando dos passarinhos, dos peixes, das árvores”, informa.
As cinco suítes disponíveis ele construiu a partir das baias de seu antigo haras, desfeito depois da morte de um de seus animais, comprado por uma bagatela. Tudo ali saiu da imaginação do agora empresário, sem arquiteto ou engenheiro. O capricho com que profissionais executaram as reformas denotam o nível de exigência do proprietário: acostumado a viajar e conhecer tudo do bom e do melhor era natural que os mínimos detalhes fossem mesmo observados.
A ampliação já está em fase final de planejamento, e serão mais 15 suítes à beira da pequena lagoa da propriedade. Daí pra frente, o Sítio Boaventura será somente pousada. E aí? “Aí é esperar virem outros sonhos, porque, afinal, a vida é feita de sonhos…”

Serviço:
Facebook: Sítio Boaventura
Celular: 31 99149-5800

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